24 DE DEZEMBRO. Terça (Jejum). S. Gregorio. M. Matinas na Sé. Ferias até aos Reis. Q. cresc. ás 9 h. e 14 m. da tarde. 25 Quarta. NASCIMENTO DE N. SENHOR JESU-CHRISTO. 26 Quinta. (1.a Oitava). S. Estevão, Proto-Martyr. Foi abolido o dia santo dispensado. a 27 Sexta. (2. Oitava). S. João, Ap. e Evangelista. Foi abolido o dia santo dispensado. 28 Sabbado. (3.a Oitava). Os SS. Innocentes, MM. Está patente ao publico a Santa Casa da Misericordia. Foi abolido o dia santo dispensado. Com. a Nov. dos Reis. 29 Domingo. S. Thomaz, Arc. de Cantuaria, M. Festa nos Inglezinhos. 30 Segunda. S. Sabino, B. M. 31 Terça. S. Silvestre, P. Te-Deum na Sé a que assistem SS. Magestades. Foi abolido o dia santo dispensado. L. nova á 1 h. e 17 m. da tarde. ALMANACH DE LEMBRANÇAS. JANEIRO-1. Sceptro do Rei de Delhy.-Foi apanhado pe vizir d'Oude, em testemunho de consideração. O quissimo e fóra dado em 1785 áquelle soberano pelo posição na loja d'um ourives de Londres. É antilas tropas inglezas e acha-se actualmente em ex castão é formado de uma agatha oriental das mais finas, circumdada de rubis e esmeraldas. Tem vinte polegadas de comprido e é ornado de diversas pedras de jaspe e agathas do oriente, lapidadas cylindricamente, e engastado tudo em circulos d'ouro. Foi avaliado em mais de um milhão de francos. Gruta em Paraná. —Achando-me eu em 1856 na cidade de Curityba, capital d'esta provincia do Paraná, fui com alguns amigos visitar em 12 d'Abril uma gruta que fica d'alli cinco léguas. Nunca tinha viajado pela estrada que seguimos, e que me pareceu bastante romantica, especialmente na Tranqueira, onde é orlada de arvores de cutiá (palmeiras); acrescia ser o tempo proprio de estarem sazonados os bellos fructos d'aquellas poéticas arvores. Pernoutámos no caminho. A 13 continuámos a nossa viagem e chegámos á gruta. Entrámos agachados por uma abertura de quatro pés d'elevação e tres de largura, apparecendo-nos logo na frente um templo com seu tecto d'abobada. Admirámos alli magestosas columnas de varios lavores e gostos, esculpidas pelo cinzel da natureza, e formadas por stalactites, que pelo volver de muitos séculos alli deixaram cahir transparentes gottas da mais limpida agua. Para completar a illusão de que é aquillo um templo, vê-se á esquerda um pulpito, com sua escada e porta natural!! As paredes, em muitos logares de pedrinhas agglomeradas de differentes côres, representão um bello mosaico!! Pendem do tecto, como vistosos lustres, cachos magnifieos das mesmas pedras !! Fica no Arrayal-queimado, no logar denominado Morrogrande. Como só recebe ar e claridade pela pequena abertura que serve de porta e por um respiradouro de outo pés de circumferencia, para alli penetrar é mister o auxilio de luzes, que ficão logo semi-mortas, e algumas a certa distancia chegão a apagar-se: respira-se alli um ar pesado e frio. Ninguem poude até hoje chegar ao fim d'esta gruta. Lateralmente a ella ha outra na falda do dito Morro-grande: não encerra, como a primeira, tanta raridade, mas é mais agradavel por muito clara, e por circular n'ella um ar mais livre e puro: corre-lhe ao lado direito da espaçosa entrada um formoso ribeiro, que fórma dentro da mesma gruta uma pequena cascata, de incessante e agradavel murmurio. O Vigario Damaso José Correia (Castro, Brasil). Casamentos em Cabo Verde.—Quando casa uma donzella, vai sempre a cavallo n'uma égua até á porta da igreja para ser fecunda; e não sendo donzella, a pe; o noivo vai a cavallo, de calça branca, lenço branco na mão direita com as pontas cahidas para o chão, e ao pescoço cordão d'ouro que o padrinho é obrigado a pedir emprestado quando o não tenha. É-lhes prohibido rirem e comerem n'este dia, salvo se os padrinhos lhes mettem alguma cousa na boca, sempre em pequena quantidade. Desde que chegão da igreja até serem conduzidos pelos padrinhos á casa em que devem dormir, ficão os noivos sentados n'uma especie de tribuna no interior da casa. Pela noute adiante ouve-se um tiro, esperado com anciedade pelos pais e parentes, que então parecem doudos de contentes, batem as palmas, dão guinchos e pinotes, ha batuque e chaveta (toca-se e canta-se). Pela manhã vão os padrinhos acordar os noivos, e acompanhão-nos até á rua, onde estão já uma mêsa e duas cadeiras para estes se sentarem; vem uma mulher, põe em cima da mêsa um córte de camiza, outra um córte de panno, outra um corte de saia de chita; os homens, uns dão 240, outros 320, outros 480, conforme suas posses. Ha aqui menina que n'esta occasião apanha para cima de 60,000 réis; o que vale é serem mais raros os noivos que vão a cavallo do que a pé. Augusto Maria Cordeiro (Cabo Verde). JANEIRO-4. CHARADA I. A primeira da charada Se quizeres, acharás Te é por esta affirmada... 1 Cousas de que gostarás . . . 1 A terceira vem lembrar Se devo aqui terminar... 2 Um amante desgraçado Terminou aqui seu fado. José Victorino Pinto de Carvalho (Santa Cruz). Coroa de ferro.-É o nome que se dá á dos Reis lombardos na Italia, e que a Austria, por occasião da ultima guerra, mandou guardar na mais sólida fortaleza da Lombardia. Tem tres dedos de largura, está cravejada de pedras preciosas, e diz a tradição haver sido feita com o metal de um dos pregos que servira para crucificar Jesu Christo. Foi posta em cabeça de Carlos Magno pelo Papa Adriano 1, em 1452 774 na CHARLEMAGNE que Napoleão collocou arrogantemente na prodo famoso Carlos v em Bolonha. Foi a mesma na de Frederico 11 em Roma, e em 1530 na m'a deu, ai de quem lhe tocar!» (A. 52 p. 174) Esteve encerrado o religioso e historico thesouro até 22 d'Abril de 1859 no alto de uma grande cruz de cobre dourado, que em certos dias se expunha na cathedral de Monza : mal se distinguia a travéz d'uma caixa de cristal de rocha. Para se ver mais de perto, era precisa autorisação especial do governo militar de Milão; tanta era porém a curiosidade do publico e de quantos estrangeiros por alli passavão, que os conegos de Monza mandaram fazer uma imitação da preciosa corôa, deixando assim de ser continuamente olhada e profanada, em sua opinião, a verdadeira. |